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CARATÊ

Irmãos brasilienses correm contra o tempo atrás de dinheiro para torneio na Argentina

Os caratecas já deixaram de ir a vários países pela mesma razão

postado em 10/07/2017 10:52 / atualizado em 10/07/2017 14:05

Ed Alves/CB/D.A Press

Praticar, treinar e preparar-se para competir. Essa costuma ser a ordem de atividades de um atleta. Porém, nem sempre é assim. Muitas vezes, a falta de patrocínio e apoio deixa competidores fora de disputas importantes. A situação é vivida por muitos e compartilhada pelos irmãos Marcos Vinícius Lima, 13 anos, e Maria Eduarda Lima, 12. Os caratecas brasilienses lutam em busca de patrocínio para competir no Campeonato Sul-Americano de Caratê Interestilos Infantojuvenil e Infantil, na Argentina, marcado para 14 de julho.

A campanha para viajar começou em janeiro. Segundo a mãe e maior patrocinadora dos filhos, Valéria Lima, 37 anos, os custos ficariam entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Os valores incluem as inscrições, cobradas em dólares, hospedagem e hotel. As passagens, normalmente, são adquiridas por meio do programa Compete Brasília e já foram solicitadas, mas nem mesmo isso está certo.

Logo, a solução encontrada foi vender rifas, bater na porta de comerciantes locais e empresários em busca de colaborações. O método, porém, não dá os resultados esperados. Valéria conta que a resposta é sempre a mesma. “Infelizmente, até o momento, não conseguimos nada. A resposta que eles dão é sempre negativa, alegando a crise em que o país se encontra.” A mãe acredita que por, serem crianças, as empresas não dão muita credibilidade. “Eles têm um currículo bom para quem começou em 2012, mas o reconhecimento para se transformar em patrocínio é muito difícil”, desabafa.

Com a rifa e a ajuda de amigos, a família conseguiu juntar R$ 650, o necessário para pagar somente as inscrições. “Se não conseguirmos, infelizmente, eles não viajarão porque não tenho de onde tirar o dinheiro”, lamenta. A dona de casa lembra que não é a primeira vez que os meninos ficam de fora de uma competição. Las Vegas, Irlanda e Polônia se tornaram alguns destinos frustrados. “Já ficamos sem ir até a torneios dentro do Brasil por falta de uma ajuda maior”, conta.

O pai dos meninos e marido de Valéria, Jackson Alberto Pereira de Moura, 37, é técnico de informática e a renda da família vem toda do trabalho. Moradores de Samambaia, os irmãos treinam em uma academia em Taguatinga, todos os dias. A mãe é a responsável por acompanhar os meninos nos treinos diários. A parte mais difícil é ter que explicar aos filhos que não vão competir. “É triste porque eles se dedicam mais ainda quando existe um torneio em vista, mas falo que o conhecimento e o esforço nunca são perdidos”, explica.

 

Prejuízo no futuro

O presidente da Federação Brasiliense de Karate Interestilos (FBKI), Marcelo Lima, 34 anos, acredita que a falta de patrocínio no esporte é algo cultural. “Eu dou aula há 20 anos e já vi isso acontecer com vários alunos. Às vezes, faltam ferramentas para ajudar”, diz. Para ele, a importância da presença dos atletas nas competições reflete no futuro. “Em pouco tempo, essas crianças vão poder concorrer ao Bolsa Atleta e é importante que eles tenham esses títulos no currículo”, analisa.

Apesar da pouca idade, os pequenos caratecas entendem. Marcos afirma que o esporte não é apenas um hobby. “A gente não representa apenas o Brasil, mas Brasília também. Quando nós conseguimos ir, damos o nosso máximo.” A relação com o caratê começou com apenas 2 anos de idade. No maternal, eles conheceram a modalidade e, desde então, não pararam de praticar. Maria Eduarda até optou por desistir das aulas de jazz para focar os esforços na arte marcial.

Os resultados começaram a aparecer logo no início, em 2012. Um dos mais importantes foi no Pan-Americano de Caratê Interestilos em 2015, na Argentina, onde Marcos ficou em primeiro lugar com a equipe na categoria kumitê e o segundo lugar em kata individual. No mesmo campeonato, a irmã foi ouro na categoria kumitê individual e também no kata individual.

Organização dentro de uma modalidade

O Brasil possui duas confederações de caratê. A Confederação Brasileira de Karatê (CBK), responsável por coordenar a modalidade olímpica de caratê, e a Confederação Brasileira de Karatê Interestilos (CBKI), que coordena todos os outros tipos existentes da arte marcial. De acordo com o presidente da Federação Brasiliense de Karate Interestilos, Marcelo Lima, existem diferentes tipos da luta no Oriente. “Uma confederação não conseguia atingir todos esses tipos de caratê que existiam”, diz. Cada modalidade tem um modo diferente de disputa. Dessa forma, a CBKI é responsável por coordenar competições de diferentes estilos.

 

Para ajudar

Para ajudar, basta entrar em contato com Valéria Lima (mãe dos atletas) pelo telefone 98267-9337 ou pelo whatsapp 98476-6506.