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ENTREVISTA / JUDÔ

Campeão brasileiro aos 17 anos, brasiliense projeta ouro olímpico até 2024

Conquista de Matheus Takaki veio enquanto jovens da mesma idade faziam Enem

postado em 14/11/2017 11:25 / atualizado em 14/11/2017 11:38

Yago Araújo/Secretaria de Esportes da Bahia
Brasília é um dos principais celeiros de judocas de alto nível do Brasil. Depois de revelar nomes como Érika Miranda, Luciano Corrêa e Ketleyn Quadros, a cidade começa a conhecer Matheus Takaki. A categoria do judoca de Taguatinga (até 55kg), no entanto, não faz parte do programa da modalidade para os Jogos Olímpicos de 2020. Nada que impeça o atleta de sonhar com uma vaga no time que vai ao Japão. Por isso, ele começa a se preparar para subir para o peso ligeiro (até 60kg). 

Fã dos judocas do Distrito Federal e de Thiago Camilo, o jovem brasiliense diz que não pretende poupar nem os ídolos no esporte e projeta vitórias contra grandes nomes do judô. E ele terá de enfrentá-los, caso queira estar na delegação que representará o Brasil em Tóquio-2020. O mais forte, atualmente, é Felipe Kitadai, medalhista de bronze em Londres-2012 e representante brasileiro até 60kg na Rio-2016. No último domingo (12/11), ao conquistar a medalha de ouro no Campeonato Brasileiro, disputado em Lauro de Freitas (BA), Takaki confirmou a boa fase que vive em 2017. Em outubro deste ano, foi dele o título no Sul-Americano da categoria superligeiro, em Santiago, no Chile.

Sua categoria não é Olímpica. Já está treinando na categoria ligeiro (até 60kg)?
Sim, eu tenho que mudar se quiser ir para Tóquio, já comecei a engordar, treinar com o pessoal de 60kg, 66kg e até 73kg. Eles são mais fortes, está sendo bom para ver em que nível estou.

No Campeonato Brasileiro, você lutou contra atletas mais experientes e saiu com o ouro. Como foi a experiência?
Toda a experiência foi legal. Poder lutar contra atletas mais velhos e fortes foi muito bom. Além disso, pude assistir ao vivo a lutas de vários judocas olímpicos, o que foi muito bacana.

Quais são os seus planos para Tóquio-2020 e Paris-2024?
Com certeza, eu me preparo para ir para o Japão, mas o foco maior é em Paris, onde eu tenho mais chances de estar e brigar por algo. Mas claro que quero estar na próxima seletiva olímpica. Acho que já dá para beliscar uma vaga.

Como você lida com a pressão de ser a grande promessa da cidade?
Para ser bem sincero, eu não vejo isso como pressão. Eu tento encarar mais como uma motivação para treinar, alcançar meus objetivos e não ficar só na promessa.

Enquanto milhares de jovens faziam a prova do Enem pelo Brasil, você estava competindo no Campeonato Brasileiro. O esporte atrapalha seus estudos ou você consegue conciliar?
Não me atrapalha, estou conseguindo levar bem os dois. O judô me ajuda na questão dos estudos. É um esporte que prega dedicação e nos ensinar a ‘ser certinhos’ (risos). Tiro boas notas, vou tentar entrar para a Universidade de Brasília (UnB), talvez em relações internacionais, ainda não decidi.

Você treina na mesma academia que surgiu a judoca Ketleyn Quadros. Aqui em Brasília, também surgiram nomes como Luciano Corrêa e Érika Miranda. Já teve oportunidade de treinar com algum deles?
Eu já treinei com a Érika, treinei mesmo, pra valer, de entrar no tatame e tocar no quimono. O judô dela é espetacular, ela é muito raçuda.

Se espelha em algum judoca em especial?
Eu sempre gostei muito do Thiago Camilo. Ele é o judoca que eu mais gosto e meu sonho sempre foi ser como ele, desde quando era criança.

Caso você suba para a categoria ligeiro, enfrentará o medalhista olímpico Felipe Kitadai. Já lutou contra ele?
Nunca competi com ele, só treino. Ele é um dos caras que eu admiro e treino forte para, um dia, conseguir ganhar dele (risos).

Quais são seus objetivos de médio e longo prazo?
Até 2024, eu quero ter um título do Mundial e ser campeão olímpico. Quero ganhar os dois.

Caso não consiga até lá...
Com certeza, eu ficaria frustrado, mas desistir nunca, jamais. Caso aconteça, o prazo passa para 2028, mas o plano A é ter essas conquistas até 2024. Se eu perder, faz parte. Infelizmente, as derrotas nos ajudam a aprender bastante também.

Daqui alguns anos, você pode enfrentar alguns ídolos do esporte?
Já passou várias vezes pela minha cabeça, e eu imagino que será muito bacana. Penso em enfrentá-los. Já pensou se eu ganhar deles? Vai ser melhor ainda.

*Estagiário sob a supervisão de Leonardo Meireles