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Conheça o brasiliense de 31 anos que mira a inédita vaga nos Jogos de Tóquio

Glauber Silva esteve muito perto de disputar as Olimpíadas de Londres, em 2012, mas acabou cortado por ter sido flagrado em exame antidoping

postado em 16/03/2018 12:20 / atualizado em 16/03/2018 16:02

Carlos Vieira/CB/D.A Press
O nadador brasiliense Glauber Silva, de 31 anos, nunca disputou uma Olimpíada. Com planos de encerrar a carreira em 2020, ele quer realizar o sonho de disputar os Jogos, em Tóquio, antes de dar adeus às piscinas. De volta à capital em 2017, o atleta retomou os treinamentos no início deste ano com seu primeiro treinador, Hugo Lobo.

Glauber começou a treinar na AABB, com Hugo Lobo, aos 13 anos. Com 14, estava na Seleção Brasileira, e aos 17, saiu de Brasília. Seguiu para o Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, em 2004, pelo qual passaram atletas como Gustavo Borges e Cesar Cielo. Depois disso, até voltar para a cidade natal, ficou alternando entre os três maiores clubes do Brasil: Pinheiros, Minas Tênis Clube e Unisanta, de Santa Catarina.

“Chegou uma fase da minha carreira em que tive de escolher entre ir para fora do país ou continuar no Brasil, e a única pessoa que eu queria que me treinasse aqui era o Hugo”, contou. A decisão de também voltar para Brasília foi muito pensada. Ele estava vinculado ao Pinheiros, mas decidiu retornar e representar a cidade. “Antes, eu treinava aqui e competia por São Paulo. Agora, a intenção é treinar e representar a cidade onde nasci.”

A preparação do nadador está forte para as competições deste ano e para conquistar a tão sonhada vaga nos Jogos Olímpicos. No chamado treino de base, Hugo Logo explicou que o atleta precisou fazer um trabalho de recuperação. “Nós tivemos uma conversa e eu perguntei a ele quando foi a última vez que fez exercício de flexibilidade, um paraquedas dentro d’água, um trampolim acrobático, um exercício de força dentro da piscina com a borracha. A resposta dele foi: ‘Há 12 anos!’”. 
Carlos Vieira/CB/D.A Press
 
De acordo com o técnico, essas atividades têm de ser feitas pelo menos três vezes por semana. “Durante todo esse tempo, ele estava participando de um processo de destreinamento. Agora, a gente (comissão técnica) está reconstruindo o preparo dele”, explicou Hugo Lobo.

A relação entre os dois beira à de pai com filho. “Ele (Hugo) pegou a minha fase de criança e acompanhou o início da minha carreira. Hoje, que não tenho mais meus pais, ele me tem como um filho e não só como atleta.”

Trabalho pesado

No retorno aos trabalhos neste ano, Glauber pegou pesado. Treinou sete semanas seguidas, ficando cerca de três horas e meia na piscina todo dia. Ele comemora o que vem a seguir: a fase específica. “Agora, é a fase boa, em que treinamos diretamente para provas e competições.”

Em abril, o brasiliense nadará pela AABB no Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação. “Teve um momento em que eu fiquei com medo de competir. Hoje, não. A cada dia que passa, me sinto mais confiante. Sinto que tudo pode acontecer, quando eu menos esperar. Eu e o Hugo estamos sentindo isso nos treinos diários.”

O nadador reconhece que seu corpo já não é o mesmo de quando tinha 15 anos, mas a experiência que adquiriu ao longo de todo esse tempo, ele não trocaria por nada. Além disso, tem consciência do quanto precisa trabalhar para alcançar seu objetivo. “Eu sei que vou passar por muita coisa ainda. Vou ter que engolir sapo (do treinador), ir para casa e amanhã estar aqui firme e forte novamente.”

Uma mancha na carreira

Glauber Silva esteve muito perto de disputar as Olimpíadas de Londres, em 2012. Com índice para competir nos 100m borboleta, ele acabou cortado dos Jogos por ter sido flagrado em exame antidoping. O teste apontou uso de testosterona, e ele foi punido com dois anos de suspensão. “Foi um divisor de águas na carreira dele”, relatou o técnico Hugo Lobo. “Como se fosse do céu ao inferno em questão de segundos. Ele tomou um tiro na perna. Esse ferimento, aos poucos, vai cicatrizando.”

Ao ser questionado sobre o assunto, Glauber disse que “todo mundo pergunta isso”, em tom de brincadeira. “Foi algo que eu evitei muito falar na época. Hoje, eu já paguei o que tinha que ser pago (a punição). Voltei na elite mundial, sendo vice-campeão brasileiro em 2014, faltando um centésimo para ir para o Mundial.” Assim como as Olimpíadas, o nadador nunca foi a um Pan-Americano.

Glauber afirmou que vai atrás dos resultados para provar que a fase do doping não passou de um momento e que continua sendo o nadador que estava a um passo de representar o Brasil — e Brasília — nas piscinas dos Jogos Olímpicos.

*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa