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FUTSAL DE SURDOS

Seleção Feminina faz campanha para participar do Campeonato Mundial 2019

Delegação nacional organiza venda de rifa para custear despesas. A competição ocorrerá na Suíça, em novembro do próximo ano

postado em 19/10/2018 08:00 / atualizado em 19/10/2018 14:03

CBDS/Divulgação
 
Há dois anos aconteciam os jogos Paralímpicos do Rio. Eram mais de 4,3 mil competidores em 23 modalidades, mas os deficientes auditivos não integravam esse número. Os atletas surdos têm a própria competição, a Surdolimpíada, e não são filiados ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Por este motivo, encontram dificuldades para conseguir patrocínio e incentivos públicos. Uma barreira que a Seleção Brasileira feminina de futsal de surdos pretende vencer para garantir a participação no Campeonato Mundial, na Suíça, em novembro de 2019. 
 
Faltando pouco mais de um ano para a competição, a equipe nacional se mobiliza para vender uma rifa que possibilite a viagem. O valor por pessoa pode chegar a R$ 13 mil para garantir transporte, estadia, alimentação, uniformes e taxa de inscrição. No total, são 14 surdoatletas, três membros da comissão técnica, dois representantes da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), dois profissionais de saúde e um tradutor e intérprete de Libras para auxiliar na comunicação das jogadoras com os demais integrantes da delegação. 
 
A equipe é composta por atletas de vários estados do país, que são convocadas depois de passar por seletivas e treinamentos. Para que possam participar, é necessário que estejam filiadas a alguma associação de surdos e ter perda auditiva acima de 55dB em ambos os ouvidos. Suzana Alves, 19 anos, é de Brasília e foi descoberta em 2014 no Campeonato Brasileiro de Surdos, em Goiânia. “Um olheiro me viu no campeonato e, no início de 2015, me chamou para treinar na Seleção visando o Mundial”, conta. 
 
A Seleção tem mensalmente um gasto de R$ 800 por integrante para que o time consiga se reunir em Jundiaí (SP). A ala/fixa Carolina Matos, 23 anos, de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, integra a equipe desde 2013 e viaja uma vez por mês para participar dos treinos. “Durante a semana, nós treinamos sozinhas ou em um time de futsal de ouvintes nas nossas cidades para manter o condicionamento físico. Nossa concentração mensal, em Jundiaí, ajuda para ganhar ritmo de jogo com as outras meninas”, comenta. 

Histórico 

O Mundial Feminino de Futsal de Surdos acontece a cada quatro anos. O Brasil irá para a terceira participação. Na estreia, em 2011, na Suécia, o país ficou em último lugar, mas conseguiu um avanço significativo ao conquistar o vice-campeonato em 2015, na Tailândia. Na ocasião, a gaúcha Stefany Krebs foi escolhida a melhor jogadora do mundo. 
 
Entre as principais conquistas da equipe feminina, estão o ouro nos Jogos Pan-Americanos, em 2012, em São Paulo; o Campeonato Sul-Americano, em 2013, no Chile; e o ouro nos Jogos Desportivos Sul-Americanos, em 2014, no Rio Grande do Sul. Atualmente, o Brasil ocupa o quinto lugar do ranking mundial. 
 
A equipe brasileira é formada por atletas de 16 a 33 anos. Todas exercem atividades extra quadra. “Eu sou estudante de educação física, algumas meninas trabalham em empresas, outras dão aulas de libras, fazem estágio ou estudam. Não recebemos auxílios para fazer parte da Seleção. Por isso, tivemos a ideia de vender a rifa”, comenta Carolina. No período de 2013 a 2016, com exceção de 2015, as surdoatletas receberam o auxílio do Bolsa-Atleta Federal. O corte aconteceu em 2017, para todas as modalidades de deficientes auditivos. 


Para adquirir a rifa 
 

Valor: R$ 5 

Prêmios: camisa da Seleção Brasileira autografada pela jogadora Formiga, TV 32’ e R$ 800
Telefones: (61) 9-9962-1690 ou 9-9962-1690 
E-mail: cbds@cbds.org.br
 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fernando Brito