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TÊNIS DE MESA

Tradição do tênis de mesa entra em quadra no Nilson Nelson

Maior competição do tipo na América Latina, o Campeonato Brasileiro Intercolonial de Tênis de Mesa reunirão cerca de 500 atletas no ginásio brasiliense até este domingo

postado em 25/01/2019 23:35

Carlos Vieira/CB/D.A Press

Era 1950 e os japoneses ainda sofriam com um certo preconceito, resultado da Segunda Guerra Mundial, que havia terminado cinco anos antes. O Império Nipônico, integrante da Aliança do Eixo ao lado de Alemanha e Itália, tinha representantes em diversas nações do mundo, e esses migrantes não eram bem vistos. Aqui no Brasil, uma das saídas para essa “discriminação” veio pelo esporte. A ideia de um grupo de japoneses foi usar o tênis de mesa e unir as várias colônias espalhadas pelo país. Nascia, assim, o Campeonato Brasileiro Intercolonial de Tênis de Mesa.

Com os japoneses é assim: a tradição é levada a sério. Tanto que o torneio chegou à 69ª edição, que começou nesta sexta-feira no ginásio Nilson Nelson e vai até domingo, a partir das 8h e com entrada franca. O que nasceu de uma confraternização somente em São Paulo, agora terá em Brasília cerca de 500 participantes de 16 estados. E precisou de um número perto de 40 voluntários para levantar toda a estrutura e ajudar no andamento da competição.

“O pessoal aproveita para conhecer o Brasil”, conta Roberto Yasuo, um dos organizadores do evento. Sim, ter contato com integrantes das comunidades nipo-brasileiras de todos os lugares do país, com o prazer de ver e jogar tênis de mesa. “O mais interessante é que você consegue juntar 500 atletas em um torneio que não conta pontos para nenhum ranking e nem classifica para outros eventos importantes. E ainda tem cidades que fazem seletivas para mandar as pessoas para cá”, comemora Roberto.

Todas as idades

Por isso mesmo, será possível ver nas 36 mesas montadas na quadra do Nilson Nelson crianças de 6 anos em ação, ao lado de senhores de mais de 80 anos. Davi Fuji, por exemplo, tem 10 anos e venceu a categoria pré-mirim. Ele começou a praticar o esporte há três anos e é a primeira vez que participa do Intercolonial. “Eu tinha uma raquete de brinquedo em casa e deu vontade de aprender”, lembra Davi, do clube Itaim Keiko. Morador de São Paulo, o menino é fã de Hugo Calderano, número seis do mundo, e tem planos grandiosos: “Sim, quero chegar a uma Olimpíada”.
 
Davi, de apenas 10 anos, gostou da competição, ganhou medalha e agora sonha com as Olimpíadas
 
 
Ao lado, na categoria hiper-veterano, Noriyoshi Yamaguti tem 87 anos e joga com a mesma vitalidade do jovem Davi. Integrante do clube Sudoeste, de Osasco (SP), o paulista surpreende ao falar quanto tempo pratica o tênis de mesa para valer: 20 anos. “Eu comecei em 2000, já tinha 67 anos. Antes, eu jogava ping-pong, só para brincar”, lembra o senhor, que nessas duas décadas não faltou a nenhum Intercolonial. “Gosto principalmente dos jogos, mas tem todas essas amizades que a gente faz também”.

Grandes nomes do tênis de mesa nacional também estão em Brasília. Um deles é Hugo Hoyama, dono de nove medalhas em Jogos Pan-Americanos, entre conquistas individuais, em dupla ou equipe. Atualmente, ele é técnico da Seleção Brasileira feminina. Além dele, o atleta olímpico Cazuo Matsumoto e os integrantes da Seleção Jéssica Yamada e Vitor Ishiy participarão.