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O brasiliense Wendell Belarmino volta às piscinas no Mundial Paralímpico

Após conquistar seis medalhas no Parapan, Wendell volta às piscinas em busca do primeiro pódio em Mundiais

postado em 09/09/2019 14:14

<i>(Foto: Leonardo Cavalcanti/CB/D.A Press)</i>
Nem deu tempo de o nadador Wendell Belarmino mostrar à família as seis medalhas que ganhou nos primeiros Jogos Parapan-Americanos que disputou, em Lima, há uma semana. Da capital peruana, o brasiliense embarcou direto para Londres, onde estreia hoje no Campeonato Mundial de Natação Paralímpica. Wendell integra uma delegação com 24 atletas que visa garantir o maior número possível de vagas para o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no ano que vem – os medalhistas de ouro e prata nas respectivas provas garantem um lugar ao país de origem na competição de 2020.

Ao todo, 60 países serão representados por cerca de 600 atletas, de hoje até o dia 15. Nove dos brasileiros que disputam o Mundial conhecem o Parque Olímpico Rainha Elizabeth, que também recebeu a natação nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012. Quatro deles ganharam medalha: o paulista Daniel Dias (classe S5), a cearense Edênia Garcia (S3), a potiguar Joana Neves (S5) e o pernambucano Phelipe Rodrigues (S10). Mesmo entre tantas estrelas, o novato Wendell, de 21 anos, chega ao Mundial de Londres com moral pelo desempenho no Parapan.

Até Daniel Dias desfiou elogios ao jovem talento da capital federal durante a competição. “O Wendell está nadando superbem. Vejo uma geração muito boa, que está medalhando em várias classificações e provas”, comentou o maior atleta paralímpico do Brasil. Em Lima, Wendell foi mais rápido que os adversários em quatro das seis provas que disputou pela categoria S11 (para cegos totais). Os ouros nos 50m livre, 100m livre, 100m borboleta e 200m medley tiveram ainda quebra de recorde parapan-americano.
 

Desempenho

“O Wendell nadou pesado no Parapan, mesmo o foco dos treinamentos sendo o Mundial. O desempenho foi excelente, batendo as melhores marcas pessoais dele”, avaliou o técnico Marcus Lima. O brasiliense fechou a conta com mais duas pratas, nos 400m livre e 100m peito. Apesar de ainda não ter voltado para casa, o nadador, que nasceu com um glaucoma, recebeu muitas mensagens e parabenizações a distância.

Wendell começou a nadar na escola, mas tinha um perfil competitivo. Marcão, como o treinador é conhecido, foi o responsável por tornar o garoto um nadador de alto rendimento. Entusiasmado pela evolução do atleta de 1,81m na água, o treinador pagou a viagem para Lima do próprio bolso para assistir ao pupilo no Parapan. A emoção acompanhada de choro a cada prova de Wendell fez toda a arquibancada tomar conhecimento do orgulho de Marcão. Desta vez, o técnico foi para Londres como parte da delegação brasileira, como estava previsto.

“O Wendell está nadando superbem. Vejo uma geração muito boa, que está medalhando em várias classificações e provas”
Daniel Dias, nadador e maior medalhista paralímpico do Brasil

Maratona de provas na capital inglesa

No Mundial, Wendell poderá competir em até cinco provas. Ele repetirá os 50m livre, 100m livre e 200m medley, que nadou no Parapan, e ainda entrará na água para os 400m livre e tem chances de integrar a equipe brasileira no revezamento 4x100m livre 49 pontos. Essa última prova é disputada pelas classes de atletas com comprometimento visual (S11, S12 e S13) e será a primeira vez que integra o programa mundial e também as Paralimpíadas, em Tóquio-2020. “As expectativas são as melhores possíveis, pois ele melhorou as marcas pessoais. Mas sabemos que o nível técnico deste Mundial é um dos mais altos já registrados”, ponderou Marcão.

Para muitos países, o Mundial funcionará como seletiva para os nadadores que vão disputar as Paralimpíadas. No caso do Brasil, a competição servirá para alocação das vagas para Tóquio — e cada nadador pode acumular apenas um posto para o país que representa — e para uma pré-seleção dos atletas, que precisarão confirmar a convocação em outras duas competições: o Open Brasil e uma etapa do Circuito Loteria Caixa, em março e abril de 2020, em São Paulo. No último Mundial, na Cidade do México, em 2017, o Brasil ficou em quarto lugar no quadro geral, com 36 medalhas: 18 ouros, nove pratas e nove bronzes.

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Recorde parapan-americano nos 100m livre da categoria S11 (para cegos), cravado pelo brasiliense Wendell Belarmino