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Academias de futevôlei comemoram o crescente interesse das mulheres

Praticantes destacam vantagens que vão do condicionamento físico ao convívio social

postado em 10/09/2019 15:31 / atualizado em 10/09/2019 15:44

<i>(Foto: Ed Alves/CB/D.A Press)</i>
Fim de expediente. A servidora pública Lais Cantuaria, 32 anos, deixa o prédio do Ministério Público Federal, no Setor de Autarquias Sul, e acelera rumo ao Park Way. O objetivo é escapar do trânsito pesado e chegar a tempo para o início da aula. Por diversas vezes, tem sido o melhor momento do dia. Trocar de roupa, tirar os sapatos, pisar a areia e dominar a bola. Soa como um retorno à infância — uma entrada no parquinho de diversões. No entanto, o cenário é outro. Há quase um ano e meio, Lais pratica futevôlei e comemora os benefícios alcançados com a modalidade.

“Estava cansada da academia e precisava encontrar um esporte novo, mais motivador e com grande queima calórica. O futevôlei vem ajudando no meu condicionamento físico, pois tem muitos saltos e não é fácil correr na areia. Meu corpo está mudando para melhor. Vejo também como benefício a socialização que acontece. A todo tempo, estou conhecendo pessoas novas e bacanas. São muito solícitos em ajudar quem tem dificuldade”, comenta Lais, feliz em integrar o crescente grupo de mulheres nos espaços dedicados a aulas de futevôlei no Distrito Federal.

Nos últimos anos, o interesse feminino pela modalidade impulsionou a multiplicação de academias por todo o DF, ampliando investimentos e gerando empregos. No setor Park Way, próximo a Águas Claras, a Arena 61 é um exemplo recente. Inaugurado há seis meses, o empreendimento é uma sociedade entre o engenheiro civil Igor Couto, 29 anos, o bancário Thyago Espíndola, 29, e o atacante Henrique Almeida, 28, emprestado à Chapecoense pelo Grêmio. O local, que gera a própria energia elétrica a partir de 29 painéis solares instalados, conta com quatro quadras e recebe aulas de segunda a sexta-feira, nos três turnos. São três professores para atender um público de 140 alunos — sendo 60% mulheres.

Pioneira entre as competidoras locais e criadora de um lance específico para as necessidades femininas (veja arte), Lana Miranda, que ostenta 18 títulos nacionais e 10 mundiais, tem algumas justificativas para o futevôlei ganhar prestígio entre as mulheres. “É uma questão de empoderamento. A mulherada quer chegar à praia e tirar uma onda batendo altinha, mostrar que tem o domínio da bola. É um esporte que proporciona excelente condicionamento físico, torneando especialmente as coxas, os quadris e o abdômen”, explica.


 
Segundo a melhor jogadora da história formada na capital do país, é evidente a ampliação dos espaços dedicados ao futevôlei no DF. Quando iniciou a carreira, apenas alguns poucos clubes na orla do Lago Paranoá ofertavam o esporte. Hoje, de acordo com a atleta, mais de 20 pontos, entre lotes comerciais e quadras em parques ecológicos urbanos, oferecem aulas da modalidade.

Proprietário da academia ClubeCoat, no Setor de Clubes Sul, Fabrício Carone é um dos pioneiros do segmento. Praticante apaixonado pelo futevôlei e patrocinador de alguns atletas da capital, ele percebeu o crescimento do interesse pelo esporte em Brasília e levou as quadras de areia para um ambiente antes dominado pelos aparelhos de musculação e aulas de ginástica. “Entre outros motivos, o futevôlei seduz os praticantes por ser uma modalidade ao ar livre, na qual é possível pegar um bronzeado durante os exercícios. Eu e meu sócio percebemos que as aulas nos clubes estavam lotadas e instalamos uma quadra na academia. Não foi suficiente e acrescentamos mais uma”, conta o empresário, que recebe média de 25 alunos em cada aula de futevôlei — sendo 40% mulheres.

Resta espaço a explorar


Atento para atender à demanda de um público crescente, o professor de educação física Felipe Martins, 30 anos, investiu em um dos primeiros espaços dedicados a aulas em Taguatinga. Na Cabana Beach, instalou uma quadra de areia, vestiários e duchas. Há três anos, colhe bons resultados do empreendimento, que conta com 80 alunos — 40% mulheres — e mensalidades de até R$ 160, com aulas diárias. “Apesar da crescente concorrência, ainda há bastante espaço a ser explorado. Na região, somos praticamente a única academia especializada. Há uma quadra no Taguaparque, mas sem areia tratada, como nós oferecemos”, explica.

Os praticantes iniciantes costumam sentir dificuldades para dominar os fundamentos básicos, o que é contornado a partir de aulas de exercícios funcionais, com série de repetições de movimentos, imitando os gestos dos lances de quadra. “Eu havia praticado vôlei no passado. Fui convidada por uma amiga e iniciei no futevôlei há seis meses. Minha principal dificuldade foi aprender a lançar a bola com o pé, fazer a famosa chapa. Para quem estava acostumada a pegar a bola com as mãos, não foi nada fácil. Hoje, acredito que melhorei bastante nesse quesito. Achava que nunca iria aprender. Os fundamentos do treino e as repetições ajudam sempre”, diz a estudante de nutrição Taíssa Rodrigues, 24 anos.

Também praticante de futevôlei há seis meses, a estudante Bárbara Duarte, 25 anos, é mais uma adepta que mostra empolgação com os benefícios proporcionados pela modalidade. Torcedora do São Paulo, sempre gostou de jogar futebol e futsal, além de fazer musculação. Nas quadras de areia, no entanto, alcançou novas vantagens. “Ganhei mais condicionamento físico, além da redução de peso. O futevôlei é muito desafiador, sendo necessário persistência para evoluir nos fundamentos. Tento não faltar às aulas e recomendo para qualquer pessoa, especialmente às mulheres, pois proporciona uma sensação de saúde e diversão sem igual”, argumenta.