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Novo ciclo da Seleção Brasileira começa com Neymar ainda mais empoderado

Tite põe fim ao rodízio de capitães e entrega a faixa a Neymar. Duelo com os EUA inicia a procura por um outro fora de série

postado em 07/09/2018 10:56

Lucas Figueiredo/CBF
Único brasileiro finalista do prêmio de melhor do mundo desde a coroação de Kaká em 2007, mais caro da história do futebol ao trocar o Barcelona pelo PSG por R$ 1,06 bilhão no ano passado, dono da camisa 10 verde-amarela há sete anos seguidos, proprietário de vaga cativa entre os titulares, capitão pela primeira vez na era Tite, e a caminho de derrubar Pelé do trono na lista dos maiores artilheiros da Seleção.

Mimado como nunca e polêmico como sempre, Neymar iniciará hoje seu terceiro ciclo de Copa como único protagonista de uma linha de produção emperrada. Badalada como maior celeiro de craques, a indústria  made in Brazil emperrou. Parou de fabricar aquele jogador fora de série, o chamado produto com edição limitada.

Virou círculo vicioso. Em 2010, Neymar estreava na Seleção no Metlife Stadium, em New Jersey,  marcando o primeiro dos 57 gols com a amarelinha na vitória por 2 x 0 sobre os Estados Unidos. Assumia ali o protagonismo para a Copa de 2014. A largada do ciclo para a Copa de 2018 novamente foi salva por um gol de Neymar no triunfo por 1 x 0 sobre a Colômbia, em Miami. A saga do hexa recomeça hoje, no Metlife Stadium, à espera de uma nova safra capaz de disputar espaço midiático com Neymar. Foi assim, por exemplo, quando Ronaldinho Gaúcho e Kaká alcançaram o status de melhores do mundo no ciclo de 2002 a 2006.

Decisivo em pelo menos dois jogos da Copa da Rússia e coadjuvante de Messi e Suárez no Barcelona, Philippe Coutinho é o candidato com potencial para exercer liderança técnica semelhante a de Neymar. Entre as novidades na lista para o amistoso de hoje contra os Estados Unidos, os garotos Arthur, Lucas Paquetá, Andreas Pereira, Everton e Richarlison despontam como candidatos a estrelas até o Mundial de 2022, no Catar. Há expectativa também por promessas como Vinicius Junior (Real Madrid) e Paulinho (Bayer Leverkusen).

Na entrevista coletiva de ontem, em New Jersey, Tite deu ainda mais moral a Neymar. “Acabou o rodízio. Neymar passa a ser nosso capitão número 1”, avisou o técnico. “O tempo passa, as pessoas crescem e amadurecem”, acrescentou. “Resolvi aceitar, porque aprendi muita coisa, vou aprender bem mais e essa responsabilidade vai fazer bem pra mim. Amadureci e sei que posso exercer essa função. Sobre o cai-cai, sou um jogador mais rápido, mais leve e, às vezes, sofro falta, eles não vão me deixar passar sem dar uma porradinha. Vou reconquistar os torcedores jogando futebol”, disse o capitão na conquista do ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Soccer, futebol americano e tênis

O “Dia da dependência” não é simbólico apenas pela procura por mais um “Neymar”. O duelo é no país em que o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, cumpre quatro anos de prisão por corrupção. É em um dos três países-sede da Copa de 2026 — a primeira na qual participarão 48 seleções espalhadas pelos EUA, Canadá e México. Além disso, a Seleção ousa disputar espaço com dois megaeventos: a NFL e as finais do USOpen.

Apesar de brigar por holofote com o futebol americano e o grand slam de tênis, e de ser odiado pelo presidente Donald Trump, o “soccer” está consolidado nos EUA. A média de público na temporada de 2018 da MLS é de 21.473 pagantes por jogo. A do Brasileirão, no país do futebol? 18.074.