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Rapaz de 16 anos, morador do Itapoã, quer realizar o sonho de ser tenista profissional

Agora, depois de conquistar bons resultados no ano passado, Paulo André Saraiva quer tentar uma vaga em Roland Garros

postado em 01/03/2017 06:00 / atualizado em 08/05/2018 17:27

Jhonatan Vieira/Esp.CB/D.A. Press
“Quero ser tenista profissional”. A vontade do jovem Paulo André Saraiva, de 16 anos, não está apenas no nome do projeto para levantar fundos a fim de investir na carreira dele. Esse desejo o acompanha desde os 9 anos de idade, quando pegou em uma raquete pela primeira vez. E o faz acordar todos os dias, sair do Itapoã, onde mora, e se esforçar para chegar até o local de treinamento, no Setor de Clubes Sul. Ele não quer desistir, mas para chegar ao topo do alto rendimento é preciso muito treino e estrutura.
 
Treino e esforço não são problemas para o rapaz. São seis horas de exercícios e preparação por dia, depois de pegar dois ônibus e andar cerca de 2km para se deslocar de casa até o Centro de Treinamento Lindoso — e sem deixar os estudos de lado, aos quais se dedica à noite. Paulo André, técnicos, amigos e familiares, então, decidiram contar com a internet para conseguir dinheiro e disputar campeonatos dentro e fora do país. Criou a companha no site Kickante e colocou a meta de R$ 30 mil. O técnico de Paulo, Antonio Lindoso, 50 anos, explica que o esportista chegou a ponto no qual tem que se profissionalizar. “É um investimento de ordem significativa. Para isso, temos que ter um recurso alocado”, esclarece. 
 
Além de técnico, Antonio é dono da escola onde Paulo treina atualmente. Ele conta que conhecer Paulo foi um acaso. “Um professor que trabalhava aqui e atuava também no projeto social em que Paulo aprendeu o tênis indicou dois alunos para ver se podia ajudar”, conta. Um deles era o Paulo. O adolescente conheceu o tênis por meio do programa Segundo Tempo/Forças no Esporte, no Grupamento dos Fuzileiros Navais de Brasília. Aos 9 anos, resolveu trocar o futebol pela modalidade, graças aos pedidos de colegas. “Depois de um convite de amigos para jogar, o professor me chamou e disse que levava jeito”, recorda.
 
A mudança na vida de Paulo ocorreu em 2013, ano em que foi treinar com Lindoso. Ambos sentiram dificuldades na adaptação. Para o técnico, o início se tornou complicado pelas dificuldades disciplinares que o garoto apresentava. “Existiam problemas de responsabilidade para entender o que é uma rotina de treinamento e se comprometer com os horários”, conta. Já Paulo sentiu na pele a dificuldade de exercícios muito intensos. Por treinar em dois períodos, até problemas de nutrição ele enfrentou. “Foi difícil para me adaptar. Quando comecei com o Lindoso, tive que, praticamente, recomeçar a jogar tênis e mudar muita coisa”, completa.  

Desafios

Paulo aprendeu rápido, assegura Lindoso. Porém, os desafios de todos os tipos são frequentes e, atualmente, ainda maiores com as despesas financeiras. O técnico arca com as quatro passagens diárias de ônibus que Paulo precisa para vir e voltar do Itapoã ao clube. Pais que frequentam a escola e professores também ajudam com doações de tênis, corda de raquete e passagens. 
 
Lindoso explica que, para competir com jovens de clubes com grande estrutura, como Pinheiros e Minas, é preciso de uma condição melhor. “Há atletas olímpicos que saíram de lá. É com esses garotos que ele compete e ganha”. Os resultados no último ano foram melhores do que o esperado. Paulo atingiu o topo do ranking juvenil. Ele fechou 2016 em primeiro lugar na categoria nacional até 16 anos. Agora, mudou de categoria busca ficar entre os primeiros com até 18 anos, mesmo sendo mais novo.
 
Paulo percebeu que poderia jogar em nível profissional quando enfrentou o quarto melhor do Brasil na categoria infantil, aos 13 anos, e esperava perder facilmente. “Todo mundo aguardava uma lavada, mas foi um jogo longo e duro. Eu perdi, mas foi uma partida disputada”, lembra. Segundo ele, conhecidos brincam que é louco por acreditar que pode vencer os melhores da modalidade. “Quando vejo as pessoas endeusando algum atleta e falando que é impossível ganhar, meu pensamento é o contrário. Eu confio no que eu faço. Se eu não acreditar, quem vai?”, questiona.

R$ 30 mil

Meta da campanha

R$ 8.295,00

Arrecadado até a última sexta-feira

Ajude o Paulo André 

Para apoiar Paulo André, basta acessar o site no qual a campanha está cadastrada (www.kickante.com.br) e doar. A cada R$ 100 doados, você ganha uma aula particular de 50 minutos com um dos treinadores do Paulo André (mediante disponibilidade de horário da escola). A cada R$ 50 ganhe duas semanas de aula (duas aulas por semana) em grupo com 55 minutos de duração.