Vida Esportiva

Terceira maior capital do país, Brasília sofre no esporte de alto rendimento

Com esportes coletivos em baixa, cidade não é forte no cenário esportivo nacional

Carlos Vieira/CB/D.A Press
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Brasília é a terceira maior capital do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Diferentemente das duas primeiras metrópoles no ranking brasileiro, a cidade candanga não tem um projeto de esporte de alto rendimento de sucesso. 
 
No futebol, estádios vazios no Candangão e times que mal conseguem disputar a Série D do Campeonato Brasileiro, mesmo com a cidade sendo sede do estádio mais caro da última Copa do Mundo. O basquete, tetracampeão brasileiro, está fora da próxima temporada do Novo Basquete Brasil por falta de patrocinadores. A esperança agora é no Cerrado Basquete, que tem vaga para disputar a Liga Ouro, segunda divisão nacional, mas ainda procura apoio para mandar o time à quadra.
 
O cenário é um pouco melhor no vôlei, mas longe de ser animador. A equipe do Brasília Vôlei está garantida na próxima Superliga Feminina, mas projeta uma temporada para se manter na elite do esporte, depois de quatro classificações seguidas para as quartas de final do torneio. 

De acordo com a pesquisa do IBGE, a capital do país tem 3.039.444 habitantes. Na opinião do sociólogo do esporte e professor da Universidade Católica, Luís Otávio Assumpção, essa população não tem identificação cultural com a prática esportiva de alto rendimento. "A cidade tem 57 anos e o esporte profissional nunca pegou. Nem o futebol pegou. É questão de identidade, Brasília não tem raiz, não há o sentimento de pertença com os times daqui, o povo não se sente representado pelos atletas das equipes." 

O sociólogo chamou a atenção que o brasiliense é um cidadão que gosta de praticar esportes e, além disso, tem estrutura pública disponível. "Veja o exemplo do Parque da Cidade, que está sempre cheio e com várias modalidades sendo praticadas simultaneamente, em todas as quadras têm espaço para praticar esportes", diz.

Cidades menores são exemplos

A situação fica ainda mais delicada quando Brasília é comparada com cidades com um número muito menor de habitantes, mas que mantêm projetos esportivos de alto rendimento com sucesso. 

O exemplo clássico no futebol é a Chapecoense, da cidade de Chapecó, lar de pouco mais de 213 mil pessoas. Com 44 anos de história, o Verdão está na Série A desde 2013 e é modelo de gestão financeira. O time nunca foi rebaixado de divisão e, em 2016, chegou à final da Copa Sul-Americana, torneio que acabou sendo campeão após o Atlético Nacional desistir da disputa da decisão, por conta do acidente aéreo que matou 71 pessoas, em novembro de 2016.

O Bauru é o atual campeão brasileiro de basquete. O elenco é recheado de atletas renomados, como o de Alex Garcia, ídolo quando defendia as cores do Brasília. Em 2015, a equipe foi campeã da Liga das Américas, uma espécie de Copa Libertadores da modalidade. O projeto é desenvolvido em uma cidade de 371.690 habitantes e já dura 23 anos. 

A cidade de Uberlândia e seus pouco menos de 677 mil habitantes têm um forte time de vôlei para torcer. Com quase uma década de história, as meninas do Praia Clube nunca ficaram de fora das quartas de final da Superliga, competição que disputam desde a temporada 2009/10. O melhor resultado foi em 2015/16, quando as mineiras, lideradas pela bicampeã olímpica Fabi, foram vice-campeãs do torneio. Além dos feitos nacionais, o Praia ainda tem seis títulos mineiros.

A falta de patrocínios e apoio foram os principais motivos dados para justificar o fim do basquete e o baixo investimento do Brasília Vôlei para a temporada. A necessidade de um mecenas não é vista com bons olhos pelo sociólogo Luís Otávio Assumpção. "Não podemos ficar dependendo de um empresário com boa vontade para investir no esporte. Somos completamente entregues, não temos nada", comenta, ao comparar Brasília com Goiânia, 210km da capital federal e com menos da metade da população candanga, tem, constantemente, um time na Série A do Brasileirão de futebol.

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