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F4F

Na Rússia, crianças representarão o país em torneio de integração cultural

Revelações do Flu estarão no Futebol pela Amizade (F4F), torneio que promove valores humanos entre as novas gerações

Ed Alves/CB/D.A Press
Ele tem um sonho no bico da chuteira: jogar fora do país. Ela, um discurso na ponta da língua contra a intolerância e pela igualdade de gênero. Revelações das divisões de base do Fluminense, o jogador Gustavo Cintra, 12 anos, e a atleta de saltos ornamentais Luíza Zein, 13, estão convocados para a Copa da Rússia antes mesmo do anúncio dos 23 escolhidos de Tite para defender a Seleção. Ambos representarão o país, em Moscou, de 8 a 15 de junho, no programa F4F — Football for Friendship (Futebol pela Amizade). De quebra, assistirão in loco, no Estádio Luzhniki, à abertura do Mundial entre a anfitriã Rússia e a Arábia Saudita.

Criado em 2013, o evento social é organizado pela gigante da energia russa Gazprom, dona do Zenit São Petersburgo, e patrocinadora, entre outros torneios, da Copa do Mundo e da Liga dos Campeões da Europa. O encontro foi criado para despertar valores humanos e promover a integração dos povos a partir da prática do futebol. A primeira edição envolveu crianças de oito países. Em 2018, foram selecionados meninos e meninas de 211 países para a disputa do Campeonato Mundial de Futebol pela Amizade.

A Fifa enviou o convite para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com base nos serviços prestados pelo Fluminense na formação de atletas, a entidade indicou o clube carioca para selecionar as revelações que vão a Moscou. “O programa é um festival de atividades educativas e esportivas. No campeonato, os atletas mirins não disputarão uma nacionalidade contra a outra. Eles estarão integrados em times mistos (meninos e meninas) com representantes de diversos países”, explica ao Correio Diogo Netto, gerente de Desenvolvimento Técnico, Responsabilidade Social e Sustentabilidade da CBF. O executivo participou do lançamento da ação na Embaixada da Rússia em Brasília.

Veja a entrevista com Gustavo e Luíza

 
Menino de Xerém, Gustavo Cintra treina no time sub-13 do Fluminense. Além do futebol, o idioma serviu de atalho para ele ser o escolhido para ir à Rússia. Fala inglês fluentemente, um dos pré-requisitos para o intercâmbio. No total, serão 32 times formados por sete integrantes (seis jogadores e um técnico – todos crianças). No Dragão-de-Komodo, nome do time de Gustavo, o brasileiro terá a companhia de representantes do País de Gales, do Quênia, da República Dominicana, de Guiné-Bissau e das Filipinas. “Quando souberem que eu sou do Brasil, vão achar que sou craque e que eu tenho de decidir os jogos”, brincou.

Fã de Marquinhos, Gustavo Cintra começou como zagueiro. No Fluminense, vem sendo lapidado para atuar como atacante. Daí o sonho de encontrar um ídolo em Moscou. Não se trata do compatriota Neymar e muito menos de Lionel Messi. “Queria muito conhecer o Cristiano Ronaldo. Sou fã dele”, assume.

Xodó dos saltos ornamentais do Fluminense, que formou, entre outros atletas olímpicos, Juliana Veloso, a menina Luíza Zein terá dupla função no Futebol pela Amizade. Além de jogar futebol, atuará como repórter mirim e contará tudo em formato jornalístico. Uma das missões da embaixadora é discursar no 6º Fórum Internacional para Crianças Futebol pela Amizade, que discutirá os caminhos para promover os valores-chave do programa ao redor do globo.

O texto de Luíza Zein está na ponta da língua. “Vou discursar em defesa da igualdade de gênero e contra a intolerância, que só leva à guerra”, diz a menina, engajada em derrubar um tabu. “Sempre gostei de jogar futebol, mas, na hora da escolha dos jogadores, eu era a última”, conta. Aos poucos, o Brasil tenta implodir o preconceito. No domingo, por exemplo, a Seleção de Marta deu mais um passo ao conquistar, no Chile, o hepta da Copa América.

Embaixador da Rússia no Brasil, Sergei Akopov apresentou os nove valores do programa F4F Futebol pela Amizade: amizade, igualdade, justiça, saúde, paz, devoção, vitória, tradição e honra. “Esses são conceitos em que a Rússia acredita e apoia. Nesse mundo redondo como uma bola de futebol, nós devemos dar as mãos aos outros povos. Só assim, juntas, unidas, em harmonia, as nações se fortalecerão”, disse em entrevista ao Correio.

Na edição deste ano, os 32 times multiculturais receberam nomes de espécies de animais em extinção no planeta. “É muito bacana essa conscientização”, elogiou Gustavo Cintra.  O programa é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como excelente módulo educacional e tem o apoio da Fifa, da Uefa e do Comitê Olímpico Internacional (COI), federações nacionais de futebol de diversos países, fundos de caridade internacionais voltados para crianças e grandes clubes de futebol do mundo.

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