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Saída do UniCeub pegou elenco de surpresa; jogadores esperam pagamento há 1 ano

Presidente da franquia promete acertar pendências, mas pede tempo. Time busca patrocinador

postado em 09/06/2017 07:00 / atualizado em 08/06/2017 19:28

Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press

Como adiantou o Correio, o UniCeub deixará de patrocinar a principal equipe de basquete da cidade, encerrando uma parceria que durava havia sete anos e rendeu dois títulos nacionais e três troféus sul-americanos. A saída causou comoção nos torcedores e passou a ser vista como oportunidade por empresas privadas. Mas a indefinição a respeito do futuro do basquete em Brasília prejudica, principalmente, os jogadores.

O elenco foi surpreendido pela saída do UniCeub, até então o patrocinador máster da equipe. Todos os jogadores ouvidos pela reportagem indicaram que só souberam da notícia por meio da imprensa. “Isso mostra falta de respeito com nosso grupo, que esteve ao lado da direção durante todo o tempo”, reclamou o armador Fúlvio. Ele se refere ao posicionamento dos atletas, que aceitaram jogar os play-offs do NBB 2015/16 sem terem recebido salário. “Na época, resolvemos não abrir para a imprensa para dar crédito à diretoria.”

A folha de pagamento atual está pendente há um mês, segundo o elenco. A situação dos atletas que estavam no time na temporada passada é mais crítica. Os salários dos cinco meses finais da edição passada seguem atrasados até hoje — durante o processo de renovação de contratos, a direção ofereceu um acordo para quitar os débitos durante esta temporada, o que não foi feito. Cinco jogadores seguem em Brasília. Os que deixaram a capital também não receberam.

Um dos poucos com a situação regularizada é o pivô Daniel Alemão, que rompeu o ligamento do joelho direito no fim da temporada regular. “Minha situação é diferente dos demais. Pelo que eu soube, vão me pagar normalmente até o término do contrato, em julho”, explicou. Caso o time siga existindo, o pivô deverá, por lei, ter o contrato renovado ao menos até a conclusão do tratamento da lesão. Ele deve voltar a treinar em outubro.

Apenas quatro atletas têm contrato para a temporada 2017/18 — caso o Instituto Viver Esporte (IVE) consiga um patrocinador que banque a continuidade da equipe. São eles os armadores Deryk e Jefferson, o ala-pivô João Phylippe e o pivô Lucas Mariano. “Legalmente, tenho mais um ano em Brasília, mas agora não tem nada muito definido”, diz Deryk. “Não nos deram nenhuma satisfação, não sabíamos de nada. O mínimo que a gente espera nesse tipo de situação é ficar sabendo antes do público. Isso nos chateou muito”, desabafou. O time também deve a premiação da última Liga Sul-Americana e prestações de aluguel do Ginásio da Asceb.

Promessa de pagamento

O presidente do IVE, Homero Oliveira Neto, confirmou os débitos, mas disse que precisa de mais tempo para acertar os pagamentos. “Na liberação dos jogadores para as férias, pedimos para os jogadores aguardarem até 30 de junho para falarmos sobre essa dívida e as renovações do contrato”, afirmou o dirigente. “Queremos acertar uma planilha de pagamento. Sem ter os patrocinadores definidos, ainda não dá para fazer isso.”

Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press
O dirigente elogiou o profissionalismo dos jogadores, que aceitaram entrar em quadra mesmo com os atrasos salariais. “Temos conversado com eles, ninguém aqui quer não pagá-los, o problema é que houve um atraso de um patrocinador”, afirmou Neto.

O técnico Bruno Savignani é funcionário do IVE desde 2010, ano em que começou a parceria do instituto com o UniCeub — ele foi jogador e assistente técnico antes de assumir o comando da equipe. Savignani preferiu adotar uma postura mais cautelosa. “Está sendo pintada uma crise maior que a realidade. Essa troca de patrocínio é algo normal no basquete, já aconteceu em Brasília antes e conseguimos nos recuperar”, lembrou.

Quem fica com a vaga?

O IVE funciona em uma sala no câmpus do UniCeub e é presidido por Homero Oliveira Neto, funcionário do centro universitário. Outros empregados da instituição de ensino compõem os conselhos fiscal e administração do instituto. Apesar da simbiose, o dirigente argumenta que o IVE conseguirá continuar sozinho no basquete, desde que consiga novos patrocinadores. “O time não vai acabar, isso não. Estamos com alguns profissionais buscando parceiros, porque o basquete é um bom produto. O UniCeub foi uma perda grande, mas temos mercado para ir atrás”, disse.

Por ser o dono da franquia, o IVE pode cedê-la ou vendê-la para um interessado, seja na capital, seja fora. Neto, porém, diz que não cogita a possibilidade de tirá-la de Brasília. “Não sai, não sai de Brasília, não sai de jeito nenhum”, enfatizou. O futuro dos jogadores é mais incerto. O armador Fúlvio, um dos destaques da temporada passada, tem proposta para deixar a capital.

Os demais patrocinadores principais do basquete ainda não se posicionaram. O BRB teria se reunido, ontem, para discutir a continuidade do apoio ao time. Por meio de assessoria de imprensa, o banco não se pronunciou. O acordo vai até 31 de julho. A Terracap, por sua vez, informou que “não tem previsão de quando terá uma decisão acerca desse assunto”. O contrato com a estatal expira em 24 de novembro, mas apenas por questões burocráticas — na prática, é um acordo para a temporada recém-encerrada do Novo Basquete Brasil.

*Estagiário sob a supervisão de Braitner Moreira