Com o fim da Copa do Mundo, está de volta o futebol candango. E os problemas também reaparecem, desta vez na segunda divisão. Antes mesmo de o torneio de acesso começar, cinco dos 11 times desistiram da competição por falta de dinheiro. Além disso, apenas dois estádios, Bezerrão e Serejão, têm estrutura para receber partidas.
O campeonato, que começaria hoje com cinco duelos, foi adiado para o próximo sábado, e apenas dois confrontos estão confirmados. A Federação Brasiliense de Futebol (FBF-DF) fará reunião na segunda-feira para decidir a fórmula de disputa e ter a confirmação de quantos times, afinal, entrarão na briga por duas vagas na elite do Candangão.
Presidente do Brazlândia, Moacir Ruthes reclama de falta de repasse
Brazlândia, CFZ, Dom Pedro e Planaltina são os quatro desistentes que alegam falta de recursos financeiros para um campeonato que duraria um mês e meio. O Bolamense, quinto “desertor”, não participará por problemas de saúde do presidente Antônio Teixeira. A principal reclamação das equipes é sobre a falta do repasse de verbas no valor de R$ 1,2 milhão, que, supostamente, foi oferecido pela FBF-DF aos clubes em 31 de dezembro de 2013.
“A Federação teve uma arrecadação recorde com os jogos realizados no Mané Garrincha no ano passado. Ficou acordado de repassar o dinheiro, mas os clubes não viram um tostão”, reclamou o presidente do Brazlândia, Moacir Ruthes.
Josafá Dantas, presidente da FBF-DF, alega que a federação arrecadou no ano passado R$ 1,5 milhão, mas gastou R$ 1,3 milhão com o pagamento de arbitragem, quadro móvel, ambulâncias e bolas para todos os jogos da primeira e da segunda divisões brasilienses. “Não repassamos por não termos dinheiro algum. Eles deveriam deixar de ser preguiçosos e procurar patrocínios. Não temos como bancar integralmente todos os times, senão todo mundo seria dono de um clube”, rebateu Dantas.
Moacir Ruthes explica que patrocínios seriam ótimos para diminuir a dependência dos times em relação à federação, mas são coisa rara no futebol local. Ele atribui uma piora no mercado após “a sova que o Brasil levou” na Copa do Mundo. “Que empresário vai querer mexer com futebol agora?”, indagou Ruthes, mesmo que o futebol de Brasília, historicamente, não atraia patrocinadores.
A desistência de cinco equipes antes de uma competição é algo inédito na história do futebol local. Quando indagado sobre a razão de tantos times abandonarem o torneio ao mesmo tempo, Josafá Dantas respondeu: “Tem uma música do Chico Buarque que diz: ‘Não sei o que se passa na cabeça desses românticos’”.
Seis obstinados Botafogo-DF, Bandeirante, Cruzeiro, Guará, Paranoá e Samambaia são as equipes confirmadas até agora para a disputa da segunda divisão candanga.
