COPA DA VERGONHA

O melhor de Felipão ficou para trás. Bem para trás, nos anos 1990

Auge da carreira do treinador, nos anos 1990, o levou, com méritos, à condução da Seleção ao pentacampeonato, em 2002

postado em 09/07/2014 08:12 / atualizado em 09/07/2014 10:04

AFP PHOTO / ODD ANDERSEN

Quis o destino que a Seleção Brasileira de Luiz Felipe Scolari conhecesse seu pior momento justamente diante do mesmo adversário que o treinador derrotou na final da Copa de 2002, no Japão. Doze anos depois de liderar o time do pentacampeonato na vitória por 2 x 0 contra a Alemanha, Felipão assistiu impotente ao massacre imposto ontem pelos germânicos sobre a equipe canarinho, batida por 7 x 1 no Mineirão em duelo válido pelas semifinais do Mundial. Entre as duas partidas, a trajetória do técnico oscilou, sem que ele conseguisse aumentar seu prestígio com novos títulos internacionais.

A década de ouro de Felipão foi a dos anos 1990. Aos 43 anos, com uma década de carreira como treinador, o gaúcho de Passo Fundo levou o modesto Criciúma-SC ao inédito título da Copa do Brasil. Em 1993, chegou ao Grêmio, time que havia comandado em 1987, quando foi campeão estadual.

Em sua segunda passagem pelo tricolor de Porto Alegre, o técnico fez 255 partidas, com aproveitamento de 48,2%. Nessa trajetória, enriqueceu a galeria de troféus do clube com dois gauchões (1995 e 1996), uma Copa do Brasil (1994), uma Libertadores da América (1995) e um Brasileirão (1996).

O êxito gremista levou Scolari ao Japão no fim de 1996. Foram 30 jogos à frente do Jubilo Iwata, com 66,7% de aproveitamento, mas o time não ganhou nenhum título. De volta ao Brasil, Felipão assumiu o Palmeiras em 1997. No alviverde, sagrou-se campeão da Copa Mercosul (1998), da Libertadores (1999) e do Torneio Rio-São Paulo (2000).

Felipão saiu do Palmeiras no ano 2000, após 407 jogos, com aproveitamento de 56,3%. O currículo, rico em troféus, o fez ser recebido com grande expectativa no Cruzeiro, mas ele acabou conquistando apenas um título pela Raposa, a Copa Sul-Minas de 2001. Depois de comandar os celestes em 57 partidas, alcançando 45,9% de aproveitamento, o técnico aceitou o convite para dirigir a Seleção Brasileira.

Em 2002, Scolari levou ao título mundial uma desacreditada equipe verde-amarela, que havia sofrido nas Eliminatórias. A passagem vitoriosa pela Seleção, porém, não chegou a durar dois anos, com aproveitamento de 76,4% em 24 partidas. Na temporada seguinte, desembarcou prestigiado em Lisboa e assumiu o time de Portugal. Com Felipão, o elenco luso foi vice-campeão europeu, em 2004, e quarto colocado no Mundial de 2006.

O técnico deixou a seleção de Portugal em 2008, após 74 jogos, com aproveitamento de 64,9%. Seu empregador seguinte foi o Chelsea. Apesar de conseguir um aproveitamento de 65,7% em 36 confrontos no clube inglês, Scolari deixou o time após uma temporada, criticado por não ter conquistado títulos e queixoso pela falta de investimento em reforços.

Seu próximo trabalho impressionou pelos números. Contratado em 2009 pelo Bunyodkor, Felipão venceu o campeonato nacional do Uzbequistão e acumulou aproveitamento de 82,5% em 38 partidas. Mas a falta de projeção do futebol do país asiático fez o título repercurtir pouco, frustrando os planos do brasileiro de regressar ao comando de um grande clube europeu.

Má campanha

Em 2010, Scolari voltou ao Palmeiras. Nessa segunda passagem pelo Verdão, foi técnico em 165 jogos e registrou aproveitamento bem abaixo daquele a que se acostumou: 43,7%. Conquistou a Copa do Brasil de 2012 de forma invicta, mas saiu do clube dois meses depois em consequência da má campanha no Brasileirão — que acabaria por causar o rebaixamento para a segunda divisão.

A segunda era Scolari no Palmeiras não foi nem sombra da primeira. Antes unanimidade, o técnico deixou o Palestra Itália em crise, vivendo problemas de relacionamento com dirigentes e jogadores. Ainda assim, foi chamado em 2012 pelo presidente da CBF, José Maria Marin, para assumir a Seleção Brasileira, que não empolgava sob o comando de Mano Menezes. A conquista da Copa das Confederações, em 2013, deu respaldo à escolha do cartola por Felipão — um treinador que, já então, estava em xeque.

43,7%

Aproveitamento de pontos do Palmeiras na segunda passagem de Felipão pelo clube, com 165 jogos