A “Lei do ex” é bem clara: toda vez que um jogador enfrentar um ex-clube, as chances de balançar as redes aumentam consideravelmente. Na prática, é claro, não existe tal “legislação”. No imaginário do torcedor brasileiro, porém, enfrentar um atleta que já vestiu as cores do time de coração é quase um sinônimo de gol. No Campeonato Brasileiro, a lei se aplicou em quase 73% das rodadas e vitimou 16 equipes até o fim da 33ª rodada.
Diego Souza parece não ter saudades dos clubes por onde passou e é o maior carrasco das ex-equipes. O meia-atacante do Sport marcou diante do Fluminense — clube que o revelou e que defendeu no início deste ano —, do Atlético-MG e ainda balançou as redes do Grêmio em duas oportunidades. A lista dos vice-artilheiros que aprontam para cima do antigo time conta com Fred, Rafael Sóbis e Camilo. O atacante do Galo marcou dois gols contra aquele que o formou, o América-MG: uma vez pelo Fluminense e outro pelo Atlético-MG. Sóbis só anotou três vezes desde voltou ao futebol brasileiro para defender o Cruzeiro: todas elas no Internacional, primeiro time do atacante.
Camilo, meia do Botafogo, já passou por 13 clubes no país. No Brasileirão, o jogador deixou a marca contra três deles: Cruzeiro, Sport e Chapecoense. “Sempre que eu enfrento uma ex-equipe, é um sentimento diferente. Estou lidando com amigos e profissionais que trabalhei junto. A partida se torna diferente. O torcedor fica instigando. São situações do futebol, mas marcar é sempre bom”, afirma o jogador.
Peça fundamental na arrancada do alvinegro carioca no Campeonato Brasileiro, Camilo conta que dos gols que marcou diante dos ex-clubes, aquele diante da Chapecoense, na derrota do alvinegro por 2 x 1 em Santa Catarina, foi o mais especial. “Foi meu último clube aqui no país, muito recente. Foi diferente porque joguei muitas partidas lá. Cada jogo é único e sempre que marco fico feliz”, confessou.
Goleada
Na Série A deste ano, foram 51 gols marcados com a marca da “Lei do ex” — número melhor que o ataque do Corinthians, que tem 50 até aqui. O maior beneficiado é o vice-líder Flamengo: nos critérios, o time fez sete gols e não foi castigado nenhuma vez por atletas que passaram pela Gávea.
Por outro lado, Grêmio e Sport sofreram sete gols, cada um, de jogadores que já vestiram as camisas rubro-negra e tricolor. Os gaúchos têm um agravante: não anotaram nenhum gol se aproveitando da teoria. Outro time que só se beneficiou da “Lei do ex” foi o Atlético-PR. O Furacão deixou três gols e não tomou nenhum. Alguns times preferem “ignorar” a “legislação” e passam em branco nos dados levantados pelo Correio: Santos e Santa Cruz não foram vítimas nem beneficiados.
Saudades?
E quando o jogador dá aquela ajudinha para o ex-clube? No Campeonato Brasileiro, dois atletas tiveram a infelicidade de marcar um gol contra diante da equipe por onde passou, para a alegria da torcida adversária. Kadu, atualmente defendendo a Ponte Preta, atuou pelo Corinthians em 2007. No confronto entre as duas equipes, válido pela 3ª rodada da competição, goleada para o time da capital paulista por 3 x 0, com direito a um gol contra do zagueiro.
No último fim de semana, em jogo da 33ª rodada, o zagueiro Manoel marcou o gol da vitória do Atlético-PR e ajudou o Furacão a vencer o Cruzeiro por 1 x 0 e continuar firme na briga por uma vaga na Copa Libertadores de 2017. O único problema é que o defensor joga pela Raposa desde 2014, ano em que deixou o clube paranaense.