Ele foi eleito o melhor goleiro da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012 vestindo a camisa do Coritiba. Aos 19 anos, estreou no time principal do Coxa na Série A do Campeonato Brasileiro. Convocado até para a Seleção Sub- 20 por Ney Franco, técnico da categoria na época, Victor Brasil conseguiu ser mais importante do que os badalados zagueiro Lúcio e o técnico Rogério Ceni no sábado (13/1), no Estádio Bezerrão. O goleiro de 25 anos foi protagonista do primeiro frango do ano nos gramados do Distrito Federal.
No início do amistoso, Victor Brasil tinha uma missão aparentemente fácil. Encaixar uma bola que veio do alto. Inexplicavelmente, ele deixou a pelota escapar, correu desesperado na tentativa de evitar o gol, mas não havia tempo. Enquanto ele lamentava a lambança, o árbitro Rafael Diniz apontava o centro do gramado e os jogadores do Fortaleza comemoravam o primeiro gol na fácil vitória por 3 x 0. Gustavo e Paulo Sérgio, ex-Flamengo, fecharam o placar.
“A bola veio com muito efeito e era para eu ter dado um soco. Foi falha minha. Erro de decisão meu. O torcedor do Gama não merece estreia com uma falha dessa. Falha boba, infantil. Mas a gente não trabalha à toa. Vou levantar a cabeça e dar a volta por cima”, lamentou o goleiro na saída para o intervalo, em entrevista ao canal SporTV.
Victor Brasil é fã de três excelentes goleiros: o inglês Joe Hart (West Ham), o alemão Manuel Neuer (Bayern de Munique) e o brasileiro Vanderlei (Santos). Curiosamente, o camisa 1 do Gama teve a missão de substituir exatamente Vanderlei em sua estreia no Brasileirão de 2012 diante do Sport. Numa tarde infeliz diante de Rogério Ceni, outro mito das traves, o titular alviverde deixou o campo de jogo como vilão da primeira derrota do Gama.
Lúcio estava de frente para Victor Brasil no lance. Ficou perplexo diante do erro. Com a experiência de quem já viu de quase tudo aos 39 anos, 10 deles como jogador profissional, o beque tentou passar tranquilidade ao goleiro, que disputou os 90 minutos da partida.
“As falhas acontecem, são do futebol. Precisamos aprender com os erros”, ponderou Lúcio, protagonista de um erro grave nas quartas de final da Copa de 2002 diante da Inglaterra. O zagueiro continuou em campo e o Brasil virou a partida na caminhada para o penta. Quanto ao time, o capitão cobrou.
“Nós temos muita coisa para acertar, principalmente os passes errados, decisivos para alguns gols deles (Fortaleza). Eu desempenhei bem o meu papel e consegui jogar durante os 90 minutos”, comemorou. Lúcio não disputava uma partida profissional desde outubro de 2016, quando defendia o FC Goa na Superliga da Índia. De lá para cá, manteve a forma com um personal trainer.
Beneficiado pelo erro de um jogador de sua antiga posição, Rogé- rio Ceni evitou comentar a falha e analisou o desempenho do Fortaleza. No primeiro tempo, ele usou os titulares. Na etapa final, mudou o time inteiro. “Gostei do que vi, mas temos muito a corrigir”, analisou, com elogios ao gramado do Estádio Bezerrão. “Campo muito bom para jogar. Não temos um gramado tão bom quanto esse (no Ceará). Bom para o espetáculo, deixa o jogo rápido”.
O jogo deste sábado foi o último teste de Gama e Fortaleza antes das respectivas estreias nos torneios locais. O Gama receberá o Bolamense no Bezerrão, às 16h, no próximo sábado. O duelo estava marcado para o Mané Garrincha, mas a diretoria alviverde conseguiu efeito suspensivo para jogar na casa própria. A equipe teria de cumprir mais um jogo da punição imposta pelo TJD após a confusão na partida do ano passado contra o Brasiliense.
Já o Fortaleza estreia no Campeonato Cearense na próxima quarta-feira, às 21h30, contra o Uniclinic, no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza.