Morais era o principal jogador do Vasco em 2006. Na época, o time foi vice-campeão da Copa do Brasil. O sucesso chamou a atenção do então técnico da Seleção Brasileira, Dunga. O capitão do tetra chamou o meia para o amistoso diante da Noruega, em agosto daquele ano. Na temporada seguinte, Morais chegou a ser pré-convocado para a Copa América, na Venezuela, mas uma lesão o tirou da lista final.
As convocações deixaram Morais na vitrine do futebol nacional. Clubes da Europa o procuraram. Os alemães Herta Berlim e Hamburgo fizeram propostas oficiais para o Vasco. Porém, Eurico Miranda não aceitava nem conversar. “O presidente nunca quis me vender. Rasgava o meu contrato e me oferecia aumento. Dizia que não dava para contratar alguém da minha qualidade com os valores apresentados”, relembra, aos 34 anos.Em seis anos no time profissional do Vasco (2002 a 2008), foram 109 jogos oficiais e 39 gols marcados.
Quando recebeu ofertas para atuar no Velho Continente, Morais tinha apenas 22 anos. A inexperiência não deixava o jogador bater de frente com a opinião de Eurico Miranda. “Eu era muito novo. Ia falar que ia embora e pronto? Ele me olhava com aquele charuto na boca dizendo que não me vendereia, eu não falava nada” conta. Quando o Vasco aceitou proposta do Dínamo de Zagreb, o alagoano rejeitou. Não queria sair do radar da Seleção.
Passado
Não ter atuado no futebol europeu é o único arrependimento da carreira de Morais. “Não é algo que me incomoda muito. Eu poderia ter ido mais longe, mas não era para ser. Depois, fui feliz no Corinthians, faz parte”, pondera. Pelo alvinegro paulista, ele conquistou a Série B, em 2008, o Paulistão e a Copa do Brasil, em 2009, e a Série A do Campeonato Brasileiro, em 2011, com Tite.
Além de Vasco e Corinthians, Morais vestiu a camisa do Atlético-PR, Bahia e Atlético-MG, entre os grandes clubes nacionais, mas o time do coração é o Gigante da Colina. “Sempre fui vascaíno, desde criança. Me identifico com as equipes em que joguei. Porém, atualmente, quem eu acompanho e torço nas partidas, é claro, é o Vasco”, confessa, lamentando o momento político, que “deixa o time longe dos grandes do país”.
Estrutura pesou na escolha
Morais chegou ao Brasiliense na última sexta-feira. Ele estava no Mané Garrincha na goleada por 4 x 0 diante do Corumbaense-MS, pela Série D. Segundo ele, a escolha pelo Jacaré foi pela estrutura do clube e a indicação dos amigos. “Vi algumas imagens na internet. O centro de treinamento, por exemplo, é melhor que o do Botafogo-SP, onde joguei a Série C do ano passado”. Wellington Saci e Reinaldo, companheiros de Corinthians e Bahia, respectivamente, deram boas referências do clube ao meia.
O meia não treina em um clube profissional desde o fim de dezembro. Deixou a Ferroviária-SP sem ao menos estrear, alegando problemas pessoais. Ele ainda não tem previsão de entrar em campo, mas se coloca à disposição para a próxima partida, contra o Corumbaense-MS, no sábado, fora de casa.
“O presidente (Eurico Miranda) nunca quis me vender. Rasgava o meu contrato e me oferecia aumento. Dizia que não dava para contratar alguém da minha qualidade com os valores apresentados”
“Adoro treinar, correr… mas senti um pouco a falta do ritmo de jogo, do tempo de bola”, confessa o meia. Morais está regularizado. Apareceu ontem no Boletim Informativo Diário da CBF. Durante a entrevista, o diretor de Futebol Paulo Henrique Lorenzo pediu para que ele assinasse documentos referentes ao registro.
Em 16 anos de carreira, Morais parou de jogar três vezes para “ficar com a família”. Natural de Maceió-AL, o jogador diz que se dá o direito de escolher se aceitará a proposta de clube ou não. “Agora, estou com a cabeça boa, no presente, nesta Série D. Espero ficar aqui no ano que vem e trazer a minha família”, planeja o pai de dois filhos gêmeos, de oito anos, que não vieram para a cidade, assim como a esposa.
Morais admitiu que não sabia do fato de o Brasiliense ter garantido calendário para 2019. Caso não suba para a Série C nesta temporada, o clube tem vaga assegurada na quarta divisão do ano que vem. Motivo: foi vice-campeão candango de 2018. “Sério? Bom saber, espero que a gente não precise disso”, riu.