FUTEBOL

Mané Garrincha paga para ter jogo

Borderô de Vasco x Flu mostra que o elefante branco precisa de 16 jogos com o público do clássico para se pagar. Federações faturaram o dobro do GDF

postado em 04/02/2019 20:05 / atualizado em 04/02/2019 22:11

Ed Alves/CB. DA Press

O desespero do deficitário Mané Garrincha por jogos gera algumas situações inacreditáveis. No último sábado, o estádio mais caro da Copa 2014 arrecadou com o aluguel da arena menos da metade do que as federações do Rio e do DF abocanharam com o jogo válido pela quinta rodada da Taça Guanabara — o primeiro turno do Carioca. Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, a arena necessitaria de pelo menos 16 jogos com o público do último sábado (15.864 pagantes) para bancar o custo mensal estimado em R$ 700 mil. Impossível.

De acordo com o Boletim Financeiro da partida, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FerJ) ficou com R$ 77.312,50. A do Distrito Federal teve direito a R$ 38.656,25. No fim das contas, as duas entidades faturaram R$ 115.968,75. Responsável pelo estádio, a Secretaria de Turismo ficou com R$ 44.123,75 — valor da taxa cobrada pela ocupação do estádio (aluguel). As cifras resumem a situação dramática do elefante branco.

Para atrair partidas de futebol minimamente rentáveis, o GDF cobra apenas 5% da renda bruta. Quando o estádio foi inaugurado em 2013, a taxa era de 15%. Apesar do desconto,  o ano passado foi difícil. Houve apenas quatro jogos de fora no Mané Garrincha. Dois do Vasco, um do Fluminense e outro do Nova Iguaçu. Todos os demais foram de times do Distrito Federal no Candangão, Copa Verde, Copa do Brasil ou Série D. Jogos do campeonato local como o de amanhã, às 20h, entre Capital e Ceilândia, pela segunda rodada do torneio doméstico, dão sucessivos prejuízos financeiros.

Reprodução/Ferj

Os R$ 44.123,75 do aluguel do clássico carioca do fim de semana pouco ajudam o Mané Garrincha a se manter. O custo mensal da arena com energia, limpeza, água, manutenção e outras despesas é estimado em R$ 700 mil, ou R$ 23,3 mil por dia. Logo, seriam necessários 16 jogos com o público do fim de semana para bancar um mês do estádio.

Enquanto a administração do Mané Garrincha abre mão da receita, as federações e os clubes resolvem seus problemas. Como mostrou o blog Drible de Corpo no último sábado, a FFDF reajustou a taxa de arbitragem do Candangão em 14%. Passou de R$ 1.840 em 2018 para R$ 2.100 nesta temporada. Parte da conta é bancada pelos jogos de fora do Distrito Federal. Uma espécie de garantia de que não haverá calote.

A FFDF recebeu neste jogo R$ 38.656. Com a grana extra, é possível desembolsar a taxa de arbitragem de  18 jogos, ou seja, de praticamente três rodadas. O custo total da federação com essa despesa, ou seja, 80 jogos do Candangão, saltou de R$ 147.200 para R$ 168.000.

O borderô mostra ainda que Vasco e Fluminense faturaram cotas fixas de R$ 250 mil cada da empresa do ex-jogador Roni, promotor da partida. Os dois times vieram a Brasília juntos, em um voo fretado, e tiveram direito a hospedagem e alimentação. 

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