Federação ignora crise no futebol do DF e recria a terceira divisão do Candangão

Presidente promete fazer campeonato "mesmo que haja só dois times"

postado em 26/05/2015 09:15 / atualizado em 26/05/2015 09:18

Redação /Correio Braziliense

Daniel Ferreira/CB/D.A Press

A Federação Brasiliense de Futebol (FBF) oferece uma oportunidade única aos clubes desaparecidos das competições do Distrito Federal: disputar a Série C do Candangão. Os interessados em participar de um torneio com estádios fechados ao público devem se apresentar ao conselho arbitral marcado para esta sexta-feira, levando dados cadastrais regularizados. Mas a exigência da FBF em requerer de cada time um local de jogo pode afugentar os cartolas.

A ressurreição do campeonato, disputado de 2006 a 2010, surge no auge da decadência do futebol candango, que se arrasta há quase um ano. Em agosto de 2014, Bolamense, Brazlândia, CFZ, Dom Pedro e Planaltina abandonaram a segunda divisão antes mesmo do início do torneio. O motivo? Falta de recursos estruturais e financeiros para a competição, que duraria um mês.

Bandeirante, Botafogo-DF, Cruzeiro, Guará, Paranoá e Samambaia jogaram a divisão de acesso, mas com portões fechados. Em julho, a 4ª Vara de Fazenda Pública proibiu 10 estádios de receberem partidas por não se adequarem ao Estatuto do Torcedor. O veto até hoje afasta o torcedor das arenas. Nem mesmo a primeira divisão deste ano foi aberta ao público: apenas Bezerrão, Mané Garrincha e Serejão — esse último, a partir da 11ª rodada — receberam espectadores, e os laudos que impediram a venda de ingressos ainda estão pendentes.

A retomada do torneio pode reacender a insatisfação dos dirigentes de clubes brasilienses com a participação de equipes goianas e mineiras no futebol local. Times do Entorno do DF — como Atlético Cristalinense, Grêmio Desportivo Valparaíso e Sport Club União, de Paracatu (MG) — têm a chance de disputar a terceirona, caso se interessem e regularizem a situação na FBF. Apesar de inativos em relação à entidade, esses clubes constam do registro da CBF.

O presidente da federação, Jozafá Dantas, minimiza a indefinição sobre a quantidade de clubes participantes da terceirona. “Faremos o campeonato. Mesmo que haja só dois times interessados”, avisa. O mandatário “soube que há clubes que querem retornar”, mas nenhum dirigente manifestou vontade em inscrever equipes até o momento. A competição pode, assim, não passar de um projeto da entidade.

Impasse

A reabertura do campeonato é motivo de uma polêmica que afeta, inclusive, a segunda divisão. Isso porque o clube Aruc, inativo há 10 anos, e o Planaltina Esporte Clube, parado há 19 anos, obtiveram liminares para regressar ao futebol diretamente na Série B candanga. O estatuto da federação estabelece, no entanto, que os clubes ausentes das competições locais por pelo menos dois anos devem retornar na terceira divisão.

O impasse adiou por duas vezes o conselho arbitral da segundona, marcado novamente para esta quinta-feira. A Série B deve começar na última semana de julho, com previsão de 11 times.

“Se esses times inativos há muito tempo voltarem desorganizados, não vale a pena”, ressalta o atacante Cássius, que disputou a elite do Candangão deste ano pelo Ceilândia. O jogador é o único artilheiro das três divisões do DF, por Vinte e Seis, Legião e Ceilândia.