Mudança de hábito

postado em 03/09/2013 11:46

O Brasiliense perdeu de 1 x 0 para o Luverdense no último domingo e caiu para a sétima colocação no seu grupo pela Série C do Brasileirão. Os quatro primeiros de cada chave se classificam para a próxima fase. Não está difícil. Faltam sete jogos, se ganhar quatro se classifica.

Eu não sei como é o dia a dia do Brasiliense. Não frequento os treinos e não sei como o grupo trabalha. O que sei é que se o Brasiliense quiser ter sucesso e ser querido, terá que mudar pelo menos um hábito. Mudar sobre o que vi dentro de um avião. Na semana retrasada, eu e meu grupo de teatro, Os Melhores do Mundo, estávamos em Natal, no Rio Grande do Norte. O Brasiliense jogou contra o Baraúnas, no interior do estado. Voltamos para Brasília no mesmo voo, às 3h da madrugada. O voo da bagunça.

Já tive o prazer de viajar ao lado de vários e grandes times: Flamengo, Corinthians, São Paulo. Também de times pequenos e ainda não tinha visto nada igual. Alguns jogadores, não eram todos, compraram uma garrafa de vodca no duty free e secaram essa garrafa dentro do avião. Não vou dizer nomes, porque não vale a pena expor pessoas. Incomodaram os outros passageiros, falavam alto e diziam palavrões. Foi algo constrangedor, ali havia famílias e crianças.

Eu sei que a maioria dos jogadores é jovem e estava contente porque tinha ganhado do Baraúnas. Mas até a zoação e a alegria devem ter um limite, o limite do respeito ao próximo. Eu já enchi a caveira de cachaça e incomodei muita gente, na ressaca é que percebia o quanto um bêbado é chato. Imagine dentro de um avião? O problema do avião é que você não pode abrir a porta e jogar o bêbado para fora.

Amigos do Brasiliense, não me levem a mal. Certo tipo de resenha a gente tem que manter em grupo. Apesar de jogar a Série C, vocês são atletas, e atletas são ídolos. Alguns de vocês irão longe, jogarão na Seleção Brasileira e em grandes clubes do Brasil e do mundo. Para que isso aconteça, basta olhar para o futuro e cuidar do presente. Um abraço e um brinde a vocês, um brinde com refrigerante.

Meninas contra meninos
As meninas do judô deram um banho nos meninos. Precisamos de uma Lei Maria da Penha do esporte para protegê-los. No mundial que terminou no último domingo, elas ganharam seis medalhas enquanto os homens ficaram com apenas uma. O judô está muito melhor que o nosso atletismo e, com certeza, nos dará medalhas e alegrias nas Olimpíadas de 2016.

Existe um trabalho sério sendo feito no judô brasieliro. Um exemplo disso é o nosso campeão Flávio Canto. Medalhista olímpico, ele é o criador do Instituto Reação, ONG que resgata crianças pobres e sem oportunidades para o mundo do esporte. Uma dessas crianças, Rafaela Silva, da Cidade de Deus, cresceu e ganhou a primeira medalha de ouro para as mulheres na história do mundial de judô. Quando a Rafaela aplicou um ippon na sua adversária e ganhou a medalha de ouro, Flávio se emocionou e viu ali que todo o seu trabalho valeu e vale a pena. Ele disse que a alegria que sentia era maior que a que sentiu quando ele próprio ganhou uma medalha nas Olimpíadas de Atenas. Hoje, pelo menos hoje, a Cidade de Deus é lembrada por causa da Rafaela, e não do Zé Pequeno. Precisamos de vários Flávios Canto, um em cada modalidade esportiva. É com gente assim que a coisa funciona.