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COPA DAS CONFEDERAÇÕES

Avaliação física e critérios da FIFA tiram árbitros brasileiros da Copa das Confederações

Publicação:

13/06/2013 08:33

 

Atualização:

13/06/2013 10:46

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Sandro Meira Ricci passou nos testes físicos, mas nacionalidade pesou contra árbitro brasileiro
Os 23 jogadores convocados por Luiz Felipe Scolari aguardam ansiosos para defender a Seleção diante da própria torcida entre 15 e 30 de junho. Nenhum árbitro brasileiro, porém, vai experimentar a sensação de apitar a Copa das Confederações em solo nacional. Dos três que cobiçavam um lugar no Mundial de 2014, os dois mais cotados pela Fifa foram reprovados por não atingirem desempenho físico satisfatório. O terceiro da lista, Sandro Meira Ricci, passou nos testes e foi pré-selecionado para a Copa do Mundo, mas ficou fora dos 10 trios de arbitragem escolhidos para a competição deste ano.

Segundo o instrutor físico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Paulo Camello, a Fifa costuma dar preferência a árbitros que não tenham a mesma nacionalidade das seleções participantes. Em vez de trabalhar no Brasil, Ricci terá como destino a Turquia, onde vai atuar no Mundial Sub-20, a ser disputado entre 21 de junho e 13 de julho.

Devido aos erros de arbitragem recorrentes em gramados nacionais e internacionais, as instituições esportivas estão exigindo cada vez mais condicionamento físico dos juízes. O paulista Wilson Luiz Seneme era o primeiro brasileiro da lista da Fifa e foi reprovado na etapa que demandava alta resistência. O histórico de lesões e cirurgias no joelho o impossibilita de treinar com mais intensidade. Mesmo assim, ele não concorda com o nível de exigência das provas.

“Em 15 anos de arbitragem, com cerca de 500 partidas, nenhum jogo me exigiu o esforço que esse teste exige”, reclama Seneme, em entrevista ao Correio. O paulista completa: “Fui indicado como primeiro árbitro pelo comportamento dentro de campo, que considera nível de erros e de acertos. Mas o enfoque físico é maior do que o técnico hoje. Ele passa a ser o passaporte para a Copa”.

Para os dois árbitros reprovados, os resultados ruins dos brasileiros são também reflexo da falta de reconhecimento como profissionais. “Já que se exige dos juízes condicionamento de um atleta de ponta, é preciso dar melhores condições para isso”, argumenta Seneme.

Uma das principais dificuldades apontadas pelos juízes é ter de conciliar a arbitragem com outra profissão. Segundo o gaúcho Leandro Pedro Vuaden, que era o segundo na lista para 2014, um árbitro Fifa recebe R$ 3,3 mil por partida apitada na Série A do Campeonato Brasileiro. Desse valor, ele disse abater aproximadamente R$ 760 em impostos e contribuições à Associação Nacional de Árbitros de Futebol. Para Vuaden, a instabilidade financeira da categoria obriga os árbitros a terem outra forma de renda ou os incentiva a apitar vários jogos sem um intervalo com tempo de descanso adequado.

Desgaste

A reprovação de Vuaden surpreendeu o preparador físico da CBF Paulo Camello. “Ele seguia todas as recomendações de treinamento e baixou seu peso corporal, adequando-se às necessidades que seriam enfrentadas”, diz Camello. Um mês antes da prova da Fifa, no entanto, Vuaden fez uma maratona: apitou cinco jogos em 15 dias, quatro deles pelo Campeonato Brasileiro e um pelas Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo. “O desgaste físico e psicológico de uma partida é muito grande. Precisaria de mais dias para me recuperar da sequência que fiz”, justifica Vuaden, em entrevista ao Correio.

Na visão de Leandro Pedro Vuaden, a estrutura nacional de arbitragem precisa ser modificada. “O passo inicial seria estabelecer um modelo como o da Argentina, que paga um salário mensal para os juízes, independentemente de estarem atuando, além de uma taxa por jogo em que tenham trabalhado.”

Como funciona a avaliação física para o Mundial

Primeira etapa: velocidade.
Os árbitros devem fazer seis tiros de 40 metros em até 6,2 segundos. O juiz tem 1min30 para retornar à posição inicial depois de cada corrida, tempo que serve de descanso.

Segunda etapa: resistência.
É a fase que mais reprova candidatos. Nela, o árbitro deve percorrer 150 metros em até 30 segundos e caminhar por mais 50 metros em meio minuto. Durante a caminhada dos 50 metros, o juiz precisa se recuperar, pois esse percurso deve ser repetido 20 vezes.
Houve mudanças entre as provas do último Mundial, na África do Sul, e as realizadas para a Copa a ser disputada no Brasil. Para a Copa de 2010, o tempo máximo da caminhada dos 50 metros da segunda etapa era de 35 segundos. Segundo o árbitro Leandro Pedro Vuaden, os cinco segundos a mais fazem muita diferença.

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